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A MORTE DO JORNALISTA ALEX ASSIS - PARTE 1
Escrito em 29 de janeiro de 2004 por Marcelo Delfino.
O meio jornalístico e o radiofônico do Rio perderam no último dia 29 de janeiro de 2004 um de seus mais promissores profissionais. Este foi o dia em que faleceu, com 29 anos, o jovem jornalista Alex Assis. Ele estava internado desde o dia 19 de janeiro, em coma induzido. Morreu dez dias depois, de falência múltipla dos órgãos. Sua missa de corpo presente e seu sepultamento foram feitos no mesmo dia.
Alex Damasceno Assis da Silva começou a seguir sua vocação jornalística ainda na adolescência. Sendo um católico atuante da paróquia Nossa Senhora do Amparo e Santa Maria Goretti, de Cascadura, fundou, em 1992, juntamente com o padre Antonio Carpinteiro (pároco local até hoje) o jornal O Testemunho de Fé. Esta publicação, inicialmente mensal, sempre trouxe notícias da Igreja e de assuntos gerais.
Até 2000, o jornal permaneceu sendo publicado pela paróquia de Cascadura, mas repercutindo cada vez mais em toda a Arquidiocese carioca, devido à sua qualidade. Foi em 2000 que o então arcebispo, o cardeal Dom Eugenio Sales, decidiu que a Arquidiocese encamparia o jornal, que assim foi transferido para a mesma Fundação Catedral que opera a Catedral FM 106,7. Todos os funcionários d'O Testemunho de Fé, antes empregados da paróquia de Cascadura, foram contratados pela referida Fundação, que passou a distribui-lo em todas as paróquias da cidade.
Até hoje, o jornal passa por constantes renovações, que o fazem repercutir até fora do circuito católico, como nos meios intelectual, acadêmico e político. O Testemunho de Fé tornou-se semanal, logo depois que foi encampado pela Arquidiocese.
Depois de fundar o jornal, Alex Assis fez faculdade de jornalismo, chegando a estagiar na própria Catedral FM. Tornou-se repórter da rádio MEC AM 800 e FM 98,9, de onde saiu quando O Testemunho de Fé passou a exigir dedicação integral, pois ele se tornara um de seus redatores.
Depois do trabalho na MEC AM, Alex Assis fez um programa na Catedral FM, chamado "Nova Geração". Criado em 1999, o programa era produzido e apresentado em conjunto por Alex e voluntários da rádio, como Cristiano Martins, aos sábados, de 10 a 11h50. O Nova Geração era totalmente voltado para os jovens, tocando muita música católica, fazendo promoções e promovendo enquetes sobre qualquer assunto, não apenas os religiosos. Era o único programa da Catedral FM que destoava da programação geral. Mais ou menos como alguns programas também destoantes em suas rádios, como "Os Arrebatados" (93 FM 93,3) e "Christian Metal Force" (Manchete Gospel FM 107,9).
Segundo o diretor, cônego Aroldo Ribeiro, o Nova Geração colocava freqüentemente a Catedral no 3º lugar do Ibope, entre as FMs, no seu horário. E era o programa com a maior audiência, entre todos da rádio. O programa teve sua última edição em 27 de dezembro de 2003.
Depoimento pessoal
Eu sempre fui um admirador e colega de Alex Assis. Quando ele começou a fazer o seu pequeno jornal, na paróquia de Cascadura, passei a ir várias vezes à redação. Lá conversávamos, e ele me mostrava as fotos do arquivo e as matérias que ele escrevia no computador, para serem publicadas.
Quando o jornal foi encampado, ele me contava entusiasmado das transformações rápidas que o jornal começou a ter. Dialogávamos várias vezes, fosse no jornal, nas reuniões dos representantes paroquiais na rádio (eu integrei este grupo) ou num dos eventos da Arquidiocese. As poucas críticas que fazia a ele sempre foram no intuito de corrigir, jamais de destruir seu belo trabalho.
Eu era um dos mais assíduos ouvintes que ouviam e ligavam para o programa "Nova Geração". Isto fez aumentar a nossa convivência.
No dia em que o Fluminense (time de futebol pelo qual Alex torcia) fez um jogo de quartas-de-final do Brasileiro, no Maracanã, contra a Ponte Preta, fui a um evento para o qual ele me dera um convite. Era um evento de dance music católica (e olha que não gosto de dance music, fui só para encontrar o Alex e outros amigos). O próprio Alex renunciou ao jogo do seu amado Fluminense para participar do evento, com seus amigos. Lá conheci a sua esposa, com quem Alex havia se casado recentemente.
Também jamais esquecerei do dia 23 de fevereiro de 2002. Era meu aniversário de 27 anos. Como era sábado, aproveitei para, dias antes, pedir via internet que o "Nova Geração" tocasse uma música que gosto muito. Era "The Gate", do grupo de heavy metal Eterna, que é ligado à Igreja. Eles tocaram (cortada, como costuma-se fazer, nas FMs, com músicas que duram mais de 6 minutos), e depois Alex ficou duvidando da minha fé, por gostar de uma banda de metal cristão. Claro que nossa amizade não acabou, e depois provei a ele que minha fé em Deus e meu gosto por rock são independentes. Um não prejudica o outro.
Alex Assis apresentou de forma contida o seu último "Nova Geração". Cheguei a enviar uma carta a ele, em solidariedade. Que ele infelizmente jamais respondeu.
Só resta agora a saudade de um grande companheiro que se foi. Ficamos nós, órfãos de sua amizade e de seus bons exemplos. Creio que Deus o colocou agora num lugar muito melhor.
Alex deixou a sua esposa (que é professora), no momento grávida de sete meses. O único filho ou filha do casal deve nascer até março.
Leia a parte 2.
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