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RÁDIO BRASIL / SUPER REDE BOA VONTADE - 940 kHz

RÁDIO JORNAL DO BRASIL, UMA VÍTIMA DOS INFAMES ANOS 90

Escrito em 14 de novembro de 2010.

Super Rede Boa Vontade

A extinta rádio Jornal do Brasil, AM 940, foi sem dúvida uma das melhores rádios já ouvidas no Brasil. Durante décadas, o grupo JB fez dela uma tribuna livre, para todas as correntes de pensamento social e político brasileiras.

Foi a primeira rádio jornalística do Rio de Janeiro, apesar de dedicar uma parte de seus horários para programas musicais (sempre música contemporânea da boa) e programas esportivos.

Até mesmo nos combalidos anos 60 e 70, a rádio peitou a censura, e conseguiu veicular reportagens e entrevistas que, nas entrelinhas, demonstravam o caos em que o Brasil tinha se tornado. Uma verdade que os governos pós-1964 não queriam, obviamente, que viesse a público.

Claro que a rádio, como toda a mídia, teve que aumentar a cobertura do noticiário internacional, que era menos sujeita à censura. Mas sem nunca descuidar dos fatos do Rio e do Brasil, na medida do possível.

Uma vez, houve uma manifestação de alunos da PUC-RJ contra o governo militar. Para fugir da censura, o repórter da JB AM, de um helicóptero, apenas dizia no ar algo como: "Está havendo um congestionamento nas proximidades da rua Marquês de São Vicente". Era a maneira de dizer à audiência (já bem informada) que o protesto tinha sido um sucesso.

Alguém, um dia, escreverá um livro sobre as décadas de ouro da JB AM, e sobre seus heróicos profissionais.

A rádio entrou em crise nos anos 80, com o cerco contrário do mercado publicitário, já voltado quase completamente para a TV e o mercado editorial, e quando muito, às novas FMs.

O golpe final veio em 1992, na infame era Collor: o grupo JB, já em crise, vendeu a emissora para o deputado evangélico Francisco Silva, já na época dono da Melodia FM. Era a resposta de Collor & cia a aquela rádio que não tinha medo de divulgar a verdade. A JB AM foi transformada na evangélica Brasil AM, com o codinome "Cristo em Casa".

Mas Francisco Silva não teve fôlego para manter aquela rádio de 100 kw diurna/noturna sozinho. Teve que chamar o pastor Caio Fábio, para juntos gerirem a rádio. A operação não deu certo.

Por fim, Francisco Silva vendeu a rádio para outro grupo religioso. No caso, a Legião da Boa Vontade, liderada por José de Paiva Neto, sucessor do fundador da LBV, Alziro Zarur.

Desde então, a rádio Brasil AM, como integrante da Super Rede Boa Vontade, tem misturado uma programação eclética, com esportes, utilidade pública e entretenimento, com programas espiritualistas, todos com a apresentação de José de Paiva Neto, ou gravações antigas do falecido Alziro Zarur.

DADOS DA RÁDIO

Sede da outorga: Rio de Janeiro

Portal na Internet: www.boavontade.com/pt/radio

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