Voltar à seção História Voltar à Página Principal

ADRIAN CRONAUER - UM PIONEIRO DO RÁDIO NORTE-AMERICANO

Escrito em 13 de fevereiro de 2005 pelo Editor.

Pôster do filme

Assisti o filme "Bom Dia, Vietnã" diversas vezes, na TV. Tendo assistido recentemente o DVD do filme, inclusive os vídeos extras, decidi escrever a respeito.

Um dos vídeos do DVD traz uma entrevista com os produtores do filme e também com o personagem real que inspirou o filme. Trata-se de Adrian Cronauer, DJ e um dos milhares de americanos veteranos da Guerra do Vietnã.

Pra quem não sabe, esta tratava-se da guerra em que, na época da Guerra Fria, os EUA ocuparam o Vietnã do Sul, com o apoio do governo local, seu aliado, com o objetivo de derrotar os vietcongs, guerrilheiros apoiados pelo Vietnã do Norte, um país comunista. Os EUA perderam a guerra, suas tropas e autoridades foram expulsas do Vietnã do Sul e o Vietnã do Norte unificou os dois Vietnãs, sob um Estado comunista.

É neste cenário que o soldado Adrian Cronauer, da Força Aérea americana, desembarcou em Saigon. Era o ano de 1965. Os americanos e os vietnamitas do sul ainda tinham o controle da situação. Cronauer já trabalhara em outras rádios operadas pelas Forças Armadas americanas, em bases localizadas em outros países, não apenas no Vietnã do Sul.

As rádios militares faziam parte de uma política interna das Forças Armadas americanas. Nas bases do exterior, procurava-se reproduzir ao máximo todo o ambiente cultural interno dos EUA, para que os soldados tivessem amenizada, mesmo parcialmente, a saudade da terra natal, mantendo-se assim com a auto-estima alta. Rádios americanas, tocando músicas que faziam sucesso nos EUA e com locução em inglês, eram uma boa ferramenta, neste sentido.

Adrian Cronauer é um pioneiro no rádio norte-americano, pois foi um dos primeiros DJs a tocar rock em rádios das Forças Armadas americanas. Era evidente, na época, que parte da oficialidade não digeria bem a entrada de rock nas rádios militares. Na época, o rock ainda era visto como algo extremamente contestador, sob o ponto de vista comportamental, e assim era visto como algo que poderia estimular a rebeldia, na tropa.

Antes de continuarmos a contar um pouco da vida de Adrian, leiamos esta sinopse do filme "Bom Dia, Vietnã":

Fonte: Adoro Cinema.

Saigon, 1965. Adrian Cronauer (Robin Williams), um aeronauta, foi para o sudeste da Ásia para trabalhar como disc-jockey na Rádio Saigon, que era operada pelo governo americano. Em contraste com os tediosos locutores que o precederam, Cronauer é bem dinâmico e inicia sempre as transmissões com um sonoro e vibrante "Bom Dia, Vietnã", tocando músicas que não tinham sido aprovadas por seus bitolados superiores. Mas o que realmente chamava atenção eram as piadas que ele falava durante o seu programa, provocando a indignação de Steven Hauk (Bruno Kirby), um segundo tenente que era o superior imediato de Cronauer. Hauk tinha uma necessidade enorme de provar que era superior hierarquicamente e além disto tinha um humor pueril e patético. Movido pela inveja e ciúme, ele tenta prejudicar Cronauer mas a popularidade dele é tal que é protegido pelos altos escalões. Paralelamente, Adrian sente-se atraído por Trinh (Chintara Sukapatana), uma jovem vietnamita. Uma dia, quando Cronauer estava saindo do Jimmy Wah's, um bar bem popular que era freqüentados por americanos, houve uma explosão em virtude de um explosivo plástico ter sido colocado no local. Este atentado matou duas pessoas e ainda feriu três. Apesar de ser proibido de divulgar o acontecido, Adrian narrou ironicamente o que aconteceu. Imediatamente Hauk o chamou de subversivo e foi apoiado por Phillip Dickerson (J.T. Walsh), um oficial
(major-sargento) que sempre detestou Adrian. Porém, o general Taylor (Noble Willigham) não permitiu que o incidente tomasse grandes proporções e deu só uma suspensão para Cronauer, ficando acertado que ele seria substituído por Hauk, que tentou ser engraçado mas só conseguiu ser ridículo. Para piorar, tocou várias polcas que ninguém gostava e assim conseguiu diversas críticas negativas. Além do mais, todos pediam a volta de Cronauer. Diante deste quadro, Taylor ordenou que ele fosse reintegrado, mas algo grave iria acontecer, que nem mesmo Taylor iria poder contornar.

É interessante notar, num documentário do DVD, que o verdadeiro Adrian Cronauer e os produtores do filme revelaram que muitas coisas vistas no filme não aconteceram de verdade com Adrian. Ou aconteciam de outras maneiras. Estes aspectos ficcionais eram necessários para criar uma história que fizesse sucesso.

Adrian realmente dava aulas de inglês para vietnamitas, entre um turno e outro (ele tinha que ocupar dois horários na rádio: de manhã cedo e outro a partir de 16h). Mas ele não se colocou à disposição para dar aulas só para se aproximar de uma possível aluna vietnamita, com quem o Adrian do filme queria namorar.

O verdadeiro Adrian nunca fez amizade com um vietcong, como o Adrian do filme fez, sem saber (o Adrian do filme descobre a verdade sobre o ex-amigo ao longo do filme).

A locução de Adrian, no início de cada programa ("Booooom Dia, Vietnã!") era mais longa que esta. O verdadeiro Adrian estendia ainda mais a palavra "Bom", pois neste tempo ele arrumava apressadamente as coisas, no estúdio: papéis, cartuchos, discos, fitas, além de ajustar o microfone, o fone de ouvido e os demais equipamentos.

Sobre a planilha musical que Adrian Cronauer apresentava nas rádios militares, é importante dizer que era uma planilha bem arrojada. Ele tocava rock, soul, rithin 'n blues, baladas românticas (mas coisas melosas tipo Pat Boone não tinham vez!) e muita música negra, inclusive do elenco da Motown, então em ascensão.

Adrian Cronauer tocava tudo que fizesse sucesso nas rádios jovens dos EUA. Não apenas músicas de artistas americanos. Rolling Stones (que Adrian foi um dos primeiros radialistas a tocar, quando a banda ainda era desconhecida), The Beatles e outros artistas estrangeiros (para os americanos) tinham espaço cativo nos programas de Adrian.

O verdadeiro Adrian Cronauer permaneceu em Saigon por pouco mais de um ano. Quando saiu do Vietnã, a situação fugira de controle dos EUA, e por mais que centenas de milhares de soldados americanos continuassem chegando, reforçando as tropas, os vietcongs continuaram avançando, a ponto de vencer a guerra, nos anos 70.

Voltar ao Início Voltar à seção História Voltar à Página Principal