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UM BREVE HISTÓRICO DA ELDO POP FM

Escrito em 28 de junho de 2022 por Gustavo Gindre para o Facebook.

Arqueologia do FM, por acaso... De teses de doutorado a matérias de jornal, sempre li a mesma história sobre o surgimento do rádio FM no Brasil. Entre 1955 e 1977 houve apenas uma única rádio FM no país, Rádio Imprensa, de propriedade de uma senhora chamada Anna Khoury, no Rio de Janeiro. Ela fabricava os receptores e alugava para empresas que quisessem sintonizar um serviço de música ambiente, instrumental e sem locutor (a famosa "música de elevador"). Só ouvia a Imprensa FM quem alugasse o receptor. Era uma espécie de "rádio pago". Tudo mudou no 1° de maio de 1977 quando o Jornal do Brasil colocou no ar a Rádio Cidade. E aí começou de fato o FM no país.

Mas eis que ontem a noite descobri por acaso que não foi bem assim. Em 1972 Roberto Marinho conseguiu uma concessão de FM (98,1) para transmissão em caráter experimental. No dia 25 de setembro de 1978 a rádio finalmente passou a operar em caráter comercial, vindo a ser chamada de 98 FM. Mas o que aconteceu entre 1972 e 1978? Roberto Marinho entregou a rádio experimental para o DJ Big Boy (que já tinha programas na Rádio Mundial AM e na TV Globo), com apenas três exigências.

1) A rádio não poderia tocar o tipo de música comercial que era executada na Rádio Mundial AM (também da Globo).

2) Não poderia haver anunciantes, uma vez que se tratava de uma operação em caráter experimental.

3) Durante uma hora por dia a rádio deveria tocar músicas brasileiras para cumprir a obrigação legal prevista no Código Brasileiro de Telecomunicações.

Big Boy, então, criou uma rádio chamada Eldorado (logo depois rebatizada de EldoPop) que só tocava música. Mas o diferencial era tocar basicamente aquilo que não estava no rádio comercial. Em especial a Eldopop tocava rock progressivo, rock europeu não inglês, música eletroacústica, música concreta e outras viagens semelhantes. E, em geral, executava um álbum inteiro e não apenas uma música isolada. Ou seja, algo totalmente diferente do que existiu antes e depois no rádio brasileiro. E só eram ouvintes as poucas pessoas que tinham um rádio capaz de pegar FM. Em geral aparelhos importados.

E essa história se perdeu quase completamente. A própria Globo não possui as gravações daquilo que foi ao ar nesse período experimental. E o Big Boy faleceu em 1977, um ano antes do fim da EldoPop. Nos livros, nas teses e nas matérias jornalísticas só se fala da Imprensa FM de Anna Khoury e na Rádio Cidade. Esses seis anos de EldoPop praticamente desapareceram da história.

PS: pelos comentários abaixo, parece que houve outras experiências desse modelo de rádio por assinatura tocando "música de elevador".

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