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A FALTA QUE ELIS REGINA FAZ
Escrito em 14 de agosto de 2009 por Marcelo Delfino para o blog Brasil, um País de Tolos.
Meu amigo Alexandre Figueiredo já escreveu n'O Kylocyclo que é cada vez mais difícil ouvir no rádio a autêntica MPB. Eu digo que nem a MPB FM tem dado conta do trabalho sozinha. Quando as rádios tocam os grandes nomes da MPB que não estão mais na moda, só tocam um ou outro sucesso antigo de cada um. Tipo Papel Marché de João Bosco, Vitoriosa de Ivan Lins, Noite do Prazer da banda Brylho, etc. Acaba que esses excelentes intérpretes acabam virando one hit wonders, como Alexandre disse.
Eu sempre considerei Elis Regina a melhor cantora brasileira de todos os tempos. Não me venham com Ivete Sangalo, que aquilo está mais para Música Populista Brasileira. Pouco importa o que as macacas de auditório da Ivete falem ou façam.
Há um tempão que não ouço nenhuma rádio tocando Elis Regina, mesmo as ditas "adultas". Como eu sou um fã de música das antigas, prefiro catar nas lojas meus CDs favoritos do que baixar. Catei o CD Fascinação (uma coletânea da Elis) em algumas lojas da Zona Norte e não achei. Nem nas Lojas Americanas, que costumava vender o dito cujo a R$ 9,90 cada um. Nem mesmo na Internet o CD está disponível. Só fui achar o disco hoje, numa lojinha do Centro da Cidade, perto do terminal Menezes Cortes. Foi a minha salvação.
Então, vale o conselho: corram atrás de suas músicas favoritas. Antes que as rádios parem de tocar, antes que as lojas não vendam mais e antes que as músicas sumam até da Internet. Se não fosse a lojinha do Centro, demoraria muito para eu ouvir a voz graciosa da Elis novamente.
Comentário de Alexandre Figueiredo
Elis Regina era uma cantora de grande talento. Nunca foi compositora, mas selecionava bem os autores que gravava, além de ser divulgadora de novos compositores, através das músicas que grava.
Me lembro do dia que soube da morte da Elis. Foi em 20 de janeiro de 1982, quando estava eu e minha família na barca do Rio para Niterói, voltando de umas férias em Salvador, quando eu olhei para outra pessoa lendo um jornal e a manchete era justamente a morte de Elis Regina.
Desde 2003 temos a caçula Maria Rita Mariano - filha que Elis teve com César Camargo Mariano - que, evidentemente, tem muitas semelhanças com Elis.
Mas em nenhum momento Maria Rita é cópia da mãe. Pelo contrário, ela tem um caminho próprio, iniciou carreira num contexto diferente e até um pouco tarde, diferente da mãe, que lançou seu primeiro álbum aos 16 anos. E, também do contrário da mãe, que em seus primeiros álbuns ela gravava um ano atrás do outro, Maria Rita preferiu gravar de dois em dois anos. Mas são pequenos detalhes.
O que importa é que tanto Elis quanto sua filha têm contribuições valiosas para a MPB. O brilho de Maria Rita é tal que desperta inveja em pessoas como Olavo Bruno, defensor de mediocridades "sertanejas" e, frustrado, quer expor sua fúria contra meu blog e contra a MPB em geral, uma sigla que, para ele, soa como um palavrão.
É uma pena que, tentando salvar um patrimônio musical grandioso de nosso país, tenhamos que tolerar a fúria de reacionários como este, provavelmente a serviço de uma mídia corrupta, de políticos fisiológicos, de latifundiários prepotentes, de carlistas enrustidos e outras espécies da fauna do reacionarismo brasileiro.
Mas, um dia, baseado no que diz um ditado, os cães, roucos, deixarão de latir, enquanto a caravana, antes ameaçada, seguirá seu digno caminho.
15 de Agosto de 2009 17:47
Comentário de Marcelo Delfino
Ainda bem que você soube da morte da Elis pela manchete de um jornal, Alexandre. Pior seria se soubesse através da malfadada capa da sujíssima Veja.
15 de Agosto de 2009 19:09
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