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RADIODIFUSORES E RADIALISTAS UNIDOS CONTRA OS OUVINTES

Escrito em 15 de abril de 2010 por Marcelo Delfino.

Ontem, num tópico sobre a FM O Dia, um usuário escreveu a seguinte pérola:

Prefiro 400 radios populares que tocam funk e pagode, mais (sic) que gera emprego, do que uma radio rock que vem em rede de São Paulo com uma programação 100% em rede e não gera emprego nesse mercado competitivo que é o radio.

Esta é uma amostra do discurso patronal que se apossou não só dos radiodifusores, como também da maioria da classe dos radialistas e mesmo de alguns inocentes (?) úteis da classe dos ouvintes.

Hoje, o ouvinte do dial carioca é uma criatura sem vez e sem voz. Como se não bastassem as rádios estarem cassando aos poucos a voz dos ouvintes (não recebendo-os, não dando telefone para entrada no ar ou para participar de promoções, preferindo os gelados e-mails e formulários na Internet), os ouvintes são submetidos ao oligopólio da música populista, do gospel dos Picaretas de Cristo e das músicas gagás contemporâneas.

Falar de "mercado competitivo" nesse dial oligopolista é sacanagem! E gerar empregos não é nenhuma virtude para se gabar ou favor que as rádios fazem. É uma obrigação. Mesmo que seja para empregar apenas os radialistas que ficam lá no alto do Sumaré.

Ouvinte que quer ouvir algo diferente disso tudo que se dane. Que se contente com a música clássica na MEC FM 98,9 (com sinal horroroso, como todos sabem), com os limitados horários musicais da Roquette Pinto FM 94,1 (o AeMão do Governo do Estado) ou com a MPB FM 90,3. E orando muito para não se deparar com Odair José, Benito Di Paula ou alguma gracinha escolhida a dedo por Preta Gil.

A respeito daquelas linhas mal escritas, eu não sou bobo nem nada. É obvio que o missivista se referia à Kiss FM, a quem dedico um blog recem-lançado. Eu não escondo de ninguém que gostei muito das passagens da saudosa Nova Brasil FM pelo Rio de Janeiro, mesmo sendo quase toda em Rede na 1ª fase e 100% Rede na 2ª fase. E curtirei muito a Kiss FM no Rio, seja gerada no Rio, em Sampa ou no Cafundó do Judas.

O que quero é ter o que ouvir no dial FM. Direito que me vem sendo negado praticamente desde o fim da Fluminense FM em 1994.

Com relação à classe dos radialistas, parte dela é formada por profissionais gabaritados e éticos. Um deles é meu amigo Ernesto Costa Pina.

Os outros radialistas estão mancomunados com os radiodifusores, mandando diariamente seu lixo cultural jabazeiro todos os dias no maltratado dial FM carioca. São esses radialistas que não cobram uma atitude mais firme de seu Sindicato contra os vários desmandos do patronato, tanto contra eles quanto contra os ouvintes. Preferem se calar e se aliar aos radiodifusores contra os ouvintes, em troca de uma "merenda" ou uns trocados a mais no contracheque.

Se a classe dos radialistas vendeu seu próprio Sindicato para o patronato e pouco se lixa para nós ouvintes, então me sinto no direito de me lixar para a classe dos radialistas e seus aliados radiodifusores.

Eu quero ter o que ouvir no dial carioca. Seja 100% local ou 100% Rede, isso para mim é irrelevante. Hoje, senhores radialistas e senhores radiodifusores, eu não tenho nada disso.

Enquanto não respeitarem o direito meu e de milhares de outros ouvintes, convoco os ouvintes para um boicote sumário. Nada de ser ouvinte de FM carioca. E toda vez que aquele pesquisador do Ibope (que pouca gente vê) lhe perguntar que rádio você ouve, responda: MP3 FM, ou alguma web radio ou FM de fora do Rio que transmita pela Internet.

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