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A HISTÓRIA DA NOVA BRASIL FM

Escrito em 3 de outubro de 2002.
ESCÂNDALO: Rede Central de Comunicação LTDA entrega Nova FM para radio-inquisidores Quem ganha e quem perde Protestem! 

A Nova FM carioca integrava uma rede de rádio, que o empresário e político Orestes Quércia começou a montar nos anos 80, com a FM 103,7 de Campinas. Aos poucos, ele comprou a Record FM 89,7 de São Paulo, e em 2000 comprou as antigas Manchete FM 89,3 do Rio e 97,7 de Brasília.

A partir de 1º de março de 2002, a rede Nova Brasil também entrou no ar em Salvador (na freqüência FM 104,7) e Recife (na freqüência FM 94,3), cujas outorgas foram transferidas das rádios Manchete locais para a Nova Brasil.

As rádios Nova FM de São Paulo e Campinas tiveram vários estilos de programação, desde rádio pop até rádio adulta. Já acrescida das FMs Manchete carioca e baiana, quase caiu na rede K do desbocado e conservador radialista goiano Jorge Kajuru. Mas, no ano 2000, a Nova FM paulistana conquistou os ouvintes da extinta FM paulistana Musical MPB, que tinha virado rádio evangélica. A emissora virou rede Nova Brasil FM.

A Nova FM carioca entrou no ar em 1º de novembro de 2000, desalojando a Manchete FM, que estava arrendada à Igreja Renascer em Cristo. A partir de então, a estação carioca conquistou ouvintes, e uma estável carteira de anunciantes. Isso tudo apesar da concorrência da tradicionalista MPB FM, que conta com o apoio do grupo O Dia, seu proprietário.

Nesta última fase, todas as emissoras da Rede Nova Brasil FM transmitiam somente MPB, numa programação que privilegiava a boa música brasileira, desde os anos 60 até os dias atuais. Era a única rádio de MPB que mostrava também o trabalho de grupos pop e de bandas de rock, como Ira!, Barão Vermelho e Plebe Rude.

A Nova Brasil carioca repetia quase toda a programação da matriz paulistana, mas tinha uma pequena equipe no Rio, e tinha intervalos comerciais próprios. Em março de 2002, a locutora Gláucia Araújo comandou um horário local, de segunda a sexta, entre 10 e 14h. Gláucia tem um estilo de locução tranqüilo e sem gírias, e sem os berros estridentes de alguns locutores de certas FMs "jovens". Ela passou por rádios como Tropical FM, RPC FM, FM O Dia e Mania FM.

Pouco depois da chegada ao Rio, circularam no mercado comentários dando conta de que Orestes Quércia estava aos poucos vendendo para amigos as suas ações na rede Nova Brasil.

ESCÂNDALO: Rede Central de Comunicação LTDA entrega Nova FM para radio-inquisidores

Durante o pouco tempo de vida, a Nova Brasil carioca enfrentou a concorrência direta da MPB FM. Com toda justiça, foi criticada por não possuir quase nenhum programa local. Até a tática de ganhar a audiência dos fãs de pop e de rock brasileiro não deu certo, pois os ouvintes de pop preferiram a pseudo-roqueira Cidade FM, e os roqueiros autênticos preferiram ouvir a "Maldita" Fluminense, que voltou ao ar em 2001.

Com apenas um ano e onze meses de vida, a Nova Brasil FM foi extinta. No dia 1º de outubro de 2002, a emissora deixou de brindar os cariocas com sua excelente programação de MPB, e passou a veicular uma programação meio evangélica (tipo 93 FM), meio pop-gospel (tipo Manchete Gospel). Fui descobrir isso ao ligar o rádio no fim da tarde. Ao invés do excelente programa "Radar", flagrei a rádio mandando apenas música para o ar. Sem vinhetas, sem identificação da emissora, e sem locução. Apenas com as inserções obrigatórias da campanha eleitoral.

Telefonei para a Nova FM carioca pouco antes das 19h, e um funcionário me informou que a Rede Central de Comunicação LTDA (nome jurídico da Nova FM) entregou o comando de todas as seis FMs da rede para um grupo, que ele não soube informar qual. Ele também não soube informar se a rede foi comprada ou arrendada, e disse que maiores esclarecimentos só poderão ser dados durante o horário comercial.

Mais tarde, descobri que o tal funcionário da Nova FM mentiu. Na verdade, apenas a estação carioca foi repassada para os radio-inquisidores. As outras cinco rádios Nova Brasil FM continuam no ar.

É ainda incerto o futuro da Nova FM. Ontem, liguei de novo para a Nova FM carioca, e quem atendeu me informou que quem alugou (não comprou) a rádio foi a Igreja Internacional da Graça de Deus, a mesma que comprou a Relógio AM.

Devido ao já conhecido apetite dos radio-inquisidores, qualquer coisa poderá acontecer, a partir de agora, na FM 89,3.

Quem ganha e quem perde

Quem ganha com o fim da Nova Brasil é a excelente rádio MPB FM 90,3, a mais bem-sucedida rádio 100% MPB da história do Rio. A audiência dela deverá aumentar, e muito. Tomara que ela não relaxe na programação, pela ausência de concorrência direta.

Quem perde são os ouvintes da extinta Nova Brasil FM do Rio, que têm agora como opção apenas a tradicionalista MPB FM.

Quem mais perde é o meio rádio como um todo, que dispõe de um canal a menos, para recuperar a qualidade do dial FM do Rio, que continua infestado de maus programas e rádios risíveis, "cristãs" ou seculares.

Protestem!

Convoco todos os leitores do TRIBUTO a entupirem de mensagens a caixa postal da Nova FM: novabrasilfm@novabrasilfm.com.br.

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