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A MORTE DE JOSÉ MAURO, PIONEIRO DO RADIALISMO MUSICAL

Escrito em 7 de maio de 2004.

No dia 30 de abril de 2004, o jornalista José Mauro morreu, aos 87 anos, na cidade de Volta Grande-MG. Para a história do rádio brasileiro, é uma grande perda, pois José Mauro foi o responsável pela implantação do radialismo musical no Brasil.

Quando estava na rádio Tamoio (então integrante do grupo Associado, de Assis Chateaubriand), José Mauro trouxe para o Brasil o modelo norte-americano de rádios exclusivamente musicais. Até então, música no rádio só tinha espaço cativo em programas especiais, alguns ao vivo, transmitidos de auditórios, e como complemento de programas não voltados somente para música.

A fórmula do radialismo musical era inédita no Brasil: na programação normal, a rádio deveria tocar apenas músicas pré-gravadas, e entre elas o apresentador poderia apenas anunciar seus nomes e intérpretes, e fazer rápidas intervenções, anunciando o horário, o nome e o prefixo da rádio, dando pequenas notícias e chamando os intervalos.

Este modelo serviu de base para a remodelação de toda a rádio Tamoio, que foi a primeira emissora carioca totalmente musical. Somente algum tempo depois, surgiram outras AMs musicais, como a Mundial e a América 1. E, somente nos anos 70, as FMs adotaram oficialmente o radialismo musical, que se tornou o modelo para todas as boas FMs, desde então.

Abaixo, um texto sobre o jornalista:

José Mauro - 1916 - 2004
O RADIALISTA QUE DEU TOM À TELEVISÃO

Extraído do Obituário do Jornal do Brasil, de 7 de maio de 2004.

Vítima de insuficiência renal, morreu, dia 30, aos 87 anos, na cidade mineira de Volta Grande, José Mauro, jornalista e referência do rádio brasileiro.

Começou a vida profissional no jornal carioca
A Noite e, com 21 anos, foi trabalhar na recém-fundada Rádio Nacional, ao lado dos radialistas e compositores Haroldo Barbosa e Almirante. De 1939 a 1946, quando se tornou diretor artístico da emissora então em sua melhor fase, José Mauro foi produtor de programas como Um milhão de melodias, Cavalgada da alegria, A canção antiga e Tabuleiro da baiana. Foi o tempo em que, além do Almirante e Haroldo Barbosa, a Rádio Nacional contava com produtores e compositores como Lamartine Babo, João de Barro e Mário Lago. Tempo também das novelas Encontrei-me com o demônio e A sombra de Berenice, que iam ao ar às 21h.

Em 1946, José Mauro mudou-se para a Rádio Tupi, também como diretor artístico. Ao lado de Ary Barroso, Paulo Gracindo e Nancy Wanderley produziu programas de grande popularidade, como
Colégio musical, Doutor Sabugosa, O feiticeiro dó-ré-mi e Alice no país da música. De 1948 a 1951 foi diretor-geral das rádios Tupi e Tamoio. A ele se deve também a reorganização da Rádio Tamoio para enfrentar os desafios da recém-chegada televisão. Criou então o programa radiofônico Música, exclusivamente música, em que se inspiraram outras emissoras. Foi ainda diretor-geral de rádio dos Diários e Emissoras Associados, depois de 1972.

Em 1977 conquistou o prêmio máximo concedido ao rádio brasileiro, como melhor diretor internacional de programação de rádio do ano, no fórum da revista
Billboard, em Toronto (Canadá).

Seria ainda o primeiro diretor da extinta TV Tupi. E foi produtor de programas de televisão, como o
Moto música, primeiro musical de TV em moldes cinematográficos, com Abelardo Figueiredo. Durante muitos anos também deu aulas de rádio, jingles e televisão na Associação Brasileira de Propaganda.

Era irmão do cineasta Humberto Mauro e casado com Carmem Lygia Mauro. Tinha três filhos - Sônia, Lígia e o advogado Caetano - sete netos e quatro bisnetos. Missa de sétimo dia será celebrada hoje, em sua memória, às 12h30, na Igreja do Outeiro da Glória.


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