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ONDAS CURTAS RETORNARÃO À PAUTA PRINCIPAL
DO RÁDIO BRASILEIRO
Extraído do Diário de Bordo da Rádio Base.
Quinta-feira, Janeiro 09, 2003
O que um radinho paraguaio tem a oferecer
Laura Mattos, da Folha Online
O que nos resta hoje no rádio: algumas estações de FM com sintonia relativamente boa, outras várias com interferência de emissoras piratas e as AMs com aquele som chiado e abafado.
Muita gente não sabe, mas esses aparelhos que só permitem mudar da FM para a AM simplesmente ignoram um monte de coisa bacana que está no ar. BBC de Londres com noticiário em português, o histórico programa "A Voz da América" e rádios de países de língua portuguesa da África são só alguns exemplos do que a maioria dos ouvintes desperdiça.
São as estações em ondas curtas, que nos aparelhos mais antigos vinham na faixa chamada OC ou SW ("short wave"). Vedete dos primórdios da comunicação, as rádios, de longo alcance, foram as que trouxeram ao Brasil as notícias das guerras, os discursos de Hitler, as que hoje levam a Cuba as palavras de cubanos que fugiram para Miami etc etc etc.
No Brasil, segundo levantamento de 2002 do Ministério das Comunicações, há mais de 60 emissoras de ondas curtas. Em SP, são mais de 20. Algumas estão inativas e o governo chega a receber a concessão de volta. Mas muitas operam, usando a OC, por exemplo, para levar a programação de AM ou FM local para todo o país.
Hoje obscuras, essas emissoras poderão renascer. Seria uma das conseqüências da tão comentada digitalização do rádio, que daria às OCs, atualmente de difícil sintonia, som com qualidade de CD.
O assunto vai ganhar destaque em 2003 e será uma das prioridades da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV). "Por um bom tempo, o governo parou de liberar ondas curtas. Com isso, os aparelhos com essa faixa pararam de ser fabricados. A única solução para recuperar esse segmento, que tem enorme potencial, seria a digitalização", diz Ronald Siqueira Barbosa, responsável pelo assunto na Abert.
Para fevereiro, está sendo agendada uma demonstração de transmissão digital com o padrão norte-americano. Será o começo do lobby gringo pelo mundo.
Nos EUA, a rádio digital começa a ser implantada. A retomada das ondas curtas, no entanto, foi na Guerra do Golfo. A venda de aparelhos com faixa OC cresceu 40% quando uma bomba atingiu, em Bagdá, o prédio responsável pela geração de informação por satélite. Por um tempo, só as OCs traziam notícias do conflito, o que causou corrida aos radinhos.
Por aqui, essa novela ainda nem começou. Quem quiser sintonizar já as emissoras estrangeiras e brasileiras de OC tem uma saída: os radinhos paraguaios. E, em SP, o endereço é: Rua Santa Ifigênia.
enviado as 19:53 por Marcos Ribeiro
COMENTÁRIOS DO EDITOR
Só para completar o texto acima. O habitante do Rio que quiser adquirir um bom radinho com várias faixas de Ondas Curtas, pode procurar nas boas lojas de produtos importados. Há várias delas na galeria do prédio da Associação dos Comerciários, na Av. Rio Branco (Centro). Há outras lojas de importados, em centros comerciais, como Méier, Madureira, Copacabana e Ipanema. Pode-se procurar também nas lojas de eletrônicos, no bairro de Cascadura.
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