Voltar à seção História Voltar à Página Principal

DE ARY BARROSO AO POP BOLA: OS TORCEDORES DOENTES NO RÁDIO

Escrito em 25 de março de 2012 por Marcelo Delfino para o portal TVs do RJ.

É longa a história dos torcedores doentes de times de futebol no rádio do Rio de Janeiro.

Um dos primeiros que lembro (não de ouvir, mas de histórias) é de Ary Barroso. O famoso radialista, apresentador de programas de auditório e compositor de sucessos como Aquarela do Brasil também era um locutor esportivo, na Rádio Tupi. E era torcedor fanático do Flamengo. Torcia descaradamente no meio das transmissões. A Wikipedia registra histórias de Ary. Às vezes ele largava as transmissões no meio para comemorar os gols do Flamengo. Quando o time adversário ia para o ataque, ele declarava coisas como "Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar". E deixava de narrar o gol do adversário. Ele também costumava tocar uma gaita, quando narrava gols de jogos em que o Flamengo não era um dos times em campo.

Muito tempo depois, no fim dos anos 80, o jornalista Áureo Ameno ficou famoso por ser o torcedor vascaíno doente da Rádio Globo AM 1220. Aos domingos, dava seu show particular nos programas de debates Enquanto a bola não rola (antes da jornada esportiva) e Bola de Fogo (depois da jornada). E tome provocação aos times rivais do Vasco. Quando a Beija-Flor lançou para o Carnaval de 1989 seu célebre enredo Ratos e Urubus, larguem minha fantasia, gravou uma vinheta em que um folião (possivelmente ele mesmo) reclamava: "Sai, urubu! Largue minha fantasia". Uma alusão ao urubu, mascote do Flamengo. Invariavelmente, Áureo Ameno faltava ao programa Bola de Fogo, quando o Vasco saía derrotado de campo. E era caçoado pelos demais debatedores. Naquela época, rivalizou com ele na mesma rádio o jornalista Celso Garcia, um fervoroso rubro-negro, mas com um pouco mais de comedimento. Era só para se contrapor ao Áureo. É atribuída a Celso a descoberta para o futebol do jogador Zico, até hoje o mais célebre da história do Flamengo.

De janeiro de 2002 a 30 de julho do mesmo ano, o grupo Dial arrendou a Manchete AM 760. Eles reativaram a emissora, com investimento pesado. Uma característica importante da Manchete AM naquela época foi a sua equipe de esportes que só cobria o Flamengo. Os locutores, comentaristas e repórteres torciam fervorosamente durante as partidas, como fazia Ary Barroso décadas antes. O locutor da Manchete também não narrava os gols dos adversários do Flamengo. Apenas dizia laconicamente "Gol deles". Quando o grupo Dial deixou a Manchete AM, a equipe rubro-negra também saiu, com alguns deles dizendo que a equipe iria para outra rádio, nem que fosse no FM. A equipe não voltou ao ar.

Hoje é famosa a equipe do programa Pop Bola, que começou como Rock Bola na Rádio Cidade, então arrendada pela Rede Rock da 89 FM de São Paulo. O Rock Bola carioca era a adaptação carioca do programa homônimo da 89, que tratava dos times paulistas. O programa passou também pela FM O Dia 100,5 e pela Oi FM, estando desde janeiro de 2012 na MPB FM 90,3. Na mudança da Oi FM para a MPB FM, o programa mudou o nome para Pop Bola, pois Rock Bola é uma franquia que foi cedida pela 89 FM apenas para a Rádio Cidade e a Oi FM. Desde os últimos meses na Rádio Cidade, a equipe é composta pelo mediador Alexandre Araújo, pelo repórter BB Monstro e pelos quatro comentaristas-torcedores doentes: Waguinho (Vasco), Lopes Maravilha (Botafogo), o cantor Toni Platão (Fluminense) e o locutor da JB FM Alexandre Tavares (Flamengo).

É provável que, enquanto houver vida no dial carioca, surjam mais torcedores doentes no anedotário da história do rádio desta cidade. Gerando mais polêmica, mais provocação aos torcedores dos times rivais e mais risadas.

Voltar ao Início Voltar à seção História Voltar à Página Principal